terça-feira, 29 de abril de 2014

PEQUENA COLETÂNEA DE HAICAIS


VIDA URBANA

A vida cor-de-rosa
sai pelos muros do condomínio
alameda de ipês.


PRAÇA

Ao lado do trânsito
o verde da praça abriga

beijos de namorados.


MANHÃ

Manhã gelada
só o avião no céu
recebe o sol.


OUTROS HAI CAIS

O sol vermelho
alinha-se no horizonte
amanhece o cerrado.


Sol poente
magia de cores acolhe
a prata da estrela


Beira de rio
tapete de lírios brancos
perfuma a viagem


Mesa posta
a celebração do chá
silencia o dia


Céu de inverno
oferenda de pétalas
ipê florido


Tarde de domingo
sonhos soltos pelo vento
meninos e pipas


Noite alta
olhinhos risonhos do neto
denunciam o tempo

sexta-feira, 25 de abril de 2014

ANATOMIA

Tenho um sertão
dentro de mim
que teima em vazar.
Tenho um coração
cambeta, que
tropica quando
insisto em correr
atrás de sustos e
emoções que a
vida me prega.
Tenho vísceras
torcidas pelo fel,
às vezes falta-me o ar.
O que entra
pela pele
poros cabeça
entranhas são
                                                     cheiros de manga,                                 
coaxar de sapos
estrelas nos vãos
das paredes,
som do berrante
insistente na dor
e saudade.

terça-feira, 15 de abril de 2014

VÃ POESIA

Palavras circulam
fogueiras
crepitam séculos
lapidam cristais
evocam melodias
alimentam pensamentos
motor do mundo
máquina de Drumond.
Palavras ventania
embalam o tempo
engendram amores
formulam políticas
alardeiam a liberdade
destroem políticos
trazem alento
             desvendam quase tudo.

domingo, 13 de abril de 2014

MATÉRIA

Olhos abertos
na madrugada
chumbo aço
pousados sobre
todos os músculos
brisa do mar
sopra nas narinas
moinhos de vento
iluminados ao sol
dos meus nervos
fibras tensas de amor
ares rarefeitos
de cidades
aridez amarela
do cerrado
aves no céu cálido
do amanhecer
rio reluzente
do mangue
a vida define seu curso

essa é minha carne.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

VÓRTICE OU REDEMOINHO DO AMOR


Sussurre ao meu
ouvido
arrepios de vento.
Me ame
na cordilheira
dos seus trapos.
Nosso amor
por aí,
pelas estradas,
na areia da praia
no aconchego
da calçada
à espera
à espreita
de um lar
de um rebento.
Me beije
nos elevadores
nos arrabaldes
das cidades.
Me prenda
no seu gozo
por um fio
por um laço
de afeto
trançado
em meus braços.
Arrebente aquelas
portas
que teimam
em trancafiar
meus temores.
Derreta-os com
sua língua
doce mel
na minha carne.
Deite-se sobre
meus escombros
renasça no meio
da noite
eu viro fênix
e vôo contigo...

quinta-feira, 10 de abril de 2014

ESSÊNCIA


Palavras escoam
da cabeça
passeiam pela
garganta
vão direto
ao coração.
O ar entra e sai, 
maestro e mediador.
De repente,
a menina do sonho,
aquela que voa sobre
a mangueira de sua
infância,
liberta-se do corpo mente
e vagueia
por este mundo
leve e solta...

O amor é reciclável.